17 de junho de 2010

Que bonito é

Galera, vou compartilhar com vocês agora um texto da minha amiga Tairine.



Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
[Hino Nacional]

Passeando aqui pelo nosso mundinho de Blogger, me deparei com um post que dizia que todo blogueiro brasileiro que se preze tem uma postagem sobre a Copa do Mundo... pois é... Esse aqui não é um blog que se preze.

Não fiz nenhum post sobre a copa e não pretendo fazer. Não que eu não goste de Copa do Mundo ou de futebol, ou mesmo desse espírito de “orgulho de ser brasileiro”, “milhões de pessoas e um só coração”ou “unidos em uma só nação”. Não... eu não escreverei sobre o Brasil na Copa, nem falarei mal do Dunga pela escalação, nem qual jogador é o mais bonito, se o Kaká gostou ou não da bola que foi fabricada pelo seu patrocinador ou se o Brasil levará o Hexa. Não... esse post é sobre o Brasil e sobre nós brasileiros. Porque infelizmente, não temos muito para comemorar. O Alexandre vai dizer que eu sou do contra. Não sou.Só não me iludo demais com alegria nacional ou essa demonstração de patriotismo de unir cada brasileiro, primeiro, porque não existe união, muito menos igualdade em um país com altos índices de abismo social como é essa linda Terra de Santa Cruz. Também, não sou adepta da política de pão e circo. E sinceramente, deveríamos torcer e nos unir para sermos não o País do futebol, mas um outro País, um país com outra cara.Um Brasil que dê orgulho a seus filhos em outras áreas e ações.

O Brasil é um país desigual, corrupto e violento. Pode ser o País do futebol, o país que revolucionou a democracia com o sistema eleitoral mais evoluído do mundo, mas a realidade mostra um país campeão em desigualdade social, analfabetismo, narcotráfico e corrupção. É um país mergulhado em miséria, violência de todo tipo e preconceito. É um país de milhões de pessoas a morrerem de fome, um país de impunidade, de injustiça, de prostituição. É um país que aceita cotas. É um país pobre que oprime seu cidadão verde e amarelo com uma carga tributária de 34,85% ao ano, uma das maiores do planeta e que não oferece em troca, saúde, educação, segurança e saneamento básico condizentes com o valor da arrecadação. Aliás, milhões de reais são todos os meses desviados, nós cidadãos brasileiros somos todos os meses roubados e enganados. Assim, como somos todos lesados diariamente, na educação de má qualidade, na saúde falida e desumana, na insegurança pública, no descaso aos mais necessitados.

É o país do Bolsa família. É o país que entrega sua riqueza natural para investimentos financeiros internacionais que exploram a Amazônia de forma predatória. É o país que mascara a sustentabilidade. É o país recanto das ONG’s. É o país que ainda não puniu todos os crimes políticos do Regime Militar. É o país que ainda possui políticos da ditadura que fazem lindos discursos ao som do hino nacional sobre a beleza da nossa democracia. É o país da imobilidade popular.

É também um país lindo, com um povo incrível. Pessoas como Luis Carlos Prestes, Bentinho, Pagu, Renato Russo, Frei Tito, Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector, Chico Buarque, Celina Guimarães, Chiquinha Gonzaga, seu Manoel que sustenta 4 filhos com um salário mínimo, as Marias e Clarices que trabalham de sol a sol para terem uma vida mais digna, em suma, pessoas que lutaram, morreram ou sofrem por um país melhor, esses sim, deveriam ser as paixões nacionais. Ou melhor, não eles, os ideais de liberdade e eqüidade pelos quais eles lutaram ou lutam. São exemplos, e exemplos, são mais eficazes, que elucubrações teóricas sobre ética.

A torcida fica para que o patriotismo não seja só na época da Copa do mundo, que ainda estejamos no clima patriótico em outubro quando formos às urnas. Que “vistamos a camisa” do Brasil ao escolher nossos dirigentes para os próximos quatro anos. Mas, que acima de tudo, tenhamos a consciência de que a democracia é viva e constante e que não só acorda ou renasce nas eleições. Cabe a nós o papel de manutenção desse sistema, afinal, o poder emana do povo. E devemos exercer esse patriotismo para curar as mazelas que assolam nosso país, afinal não é só dever dos dirigentes ou dos órgãos maior de poder, cabe a cada um de nós sermos a pecinha para mudar essa realidade. Que demonstremos essa nação brasileira, essa união, também no exercício da cidadania. Que a bandeira brasileira não seja guardada no encerramento da Copa, que ela seja desfraldada como símbolo de anseio por um orgulho de ser cidadão brasileiro ativo e detentor de direitos e deveres para com seu país. Que nas eleições possamos mostrar a força e a garra do povo brasileiro.



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